terça-feira, 4 de novembro de 2008




Não há mudança sem ousadia. E não se trata daquela ousadia brilhante, vistosa - mas daquela tímida ousadia, até insegura, de se atirar ao novo, de se entregar ao desconhecido. A mesma ousadia infantil que tínhamos, quando crianças, quando nos cansávamos de engatinhar e arricávamos os primeiros passos hesitantes. Mas ousávamos - e ousávamos também quando ainda pequenos fechávamos os olhos e pulávamos de um lugar alto, confiantes pois sabíamos ter os braços de nosso pai prontos para nos pegar. É assim que vínhamos treinando para a vida, e agora começamos o jogo. Nos deram tantos conselhos e avisos, mas nunca nos avisaram que seria tão complicado andar pelas próprias pernas, talvez até porque sabiam que, se soubéssemos, havia possibilidade de que desistíssemos, e isso sim seria uma tragédia. É tão perigosa essa liberdade que eu sempre quis. Poderíamos ficar o tempo todo na segurança de nossas casas, mas ainda assim preferimos brincar muito perto do abismo porque é mais excitante - e é só quando caímos no escuro gigante desse abismo que descobrimos sermos seres alados.

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