sábado, 20 de fevereiro de 2010

Novo

Alguma coisa está começando, eu quase me esqueci de como é se sentir assim. A excitação e o nervoso do novo, não só uma página mas um caderno inteiro de folhas brancas explodindo de possibilidades. Os milhões de planos cruzando minha mente em alta velocidade e um repertório inédito de músicas rápidas, animadas, e que antes simplesmente não cabiam. É o renascimento chegando em sua melhor hora pra mim, e mesmo que me falte reza, fé e religião, o que toma o meu espírito agora é sagrado. Até a nostalgia do adeus parece se encaixar perfeitamente sob essa perspectiva de começar. Sinceramente, não sei bem certo se o que me seduz é exatamente essa assustadora noção de zero – começar do zero. É uma nova chance dada, e que faz com que todo meu esforço em consertar a vida torta que eu tinha, cheia de marcas, se esfarelasse agora como energia gasta à toa. Esse “à toa” é que é minha pedra no sapato – tudo tão bom, e vem isso me incomodar. É que eu não gosto de fazer nada à toa, e por mais que o que eu tenha construído esteja repleto dos pequenos e grandes erros da minha juventude, ainda assim é tudo o que eu tenho pra chamar de meu. Soaria estranho até para o meu próprio teclado se eu escrevesse que não cometeria os mesmo erros de novo, conhecendo-me do jeito que ele conhecesse. Fantasmas existem, e o medo que eu tenho disso é muito maior do que o que me levava pra cama dos meus pais quando eu era criança – alcançar essa outra instância da palavra ‘fantasma’ é o principal ponto para entender, mesmo que não concordando muito, que o nosso passado, até se ignorado por todos, é ainda assim uma tatuagem que trazemos no corpo, uma ferida que sempre deixa aquela marquinha, às vezes charmosa e outras vezes horrível. Descartados os pormenores temporais e outros conceitos físicos sempre bem mais complicados do que parecem, disfarçados todos de “Lei da Gravidade” e afins, passado, presente e futuro acabam se emaranhando num bolo só. E se é assim, o que eu ganho em ejetar do planeta em que eu vivi até agora e deixar que ele exploda enquanto eu olho pela janela, rumo ao famigerado futuro? Eu escolho algo a mais. Departamentos independentes na minha vida - falando nesses termos só pode ser algo bom... Quero é mais andares pro meu prédio, e que fique assim abstrata minha noção de “novo”.

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